Esforço-me o máximo para não mentir. E até sinto-me bem sucedido nisso.
Por isso preciso dizer (o óbvio, paradigma da minha profissão: quem ensina gosta de dizer coisas óbvias) não sou melhor que ninguém)
Amo estar atento às pessoas e mais ainda entendê-las. Esforço-me, em vão, para não julgá-las no processo.
Isso é lindo para mim e aproxima-me delas e ajuda a perceber-me e crescer.
Nessas observações noto que mesmo a pessoa com a intenção mais sincera, mente. A todos. E no todos incluem-se as mentiras mais devastadoras e difíceis de serem percebidas. As mentiras que fazemos a nos mesmos.
Agora volto ao início, dado que não sou melhor que ninguém começo a perguntar-me o porque minto tanto. E mais ainda, ( isso está a dar-me medo) Quais processos mentais e emocionais uso para esconder essas inverdades, omissões e erros de interpretação( tudo isso variações da mentira) de mim mesmo?
Mergulho atrás de meus medos, incertezas e ignorâncias e penso que faço isso para me proteger. Mas proteger de que?
Há quem pense que no mundo precisa-se ser esperto, levar vantagem e ganhar. Esses, entendo mais facilmente que precisam , a sério, defender-se.
Mas sinto-me tão fora e distante dessas competições e jogos que não sinto necessidade de proteger.
E talvez seja essa sensação ( de estar acima) que me impede de ver onde escondo minhas máscaras.
Mas e se não for mentira?
Tem de ser. Porque por mais fortemente que eu acredite em algo isso não o torna verdade.
Isso nos leva ao surrado assunto das várias verdades.
Até onde posso levar a minha sem ofender às pessoas à minha volta?
Quanto devo olhar os demais?
Será que existe alguma extensão do respeito que passa a ser uma opressão de mim mesmo?
Quero acreditar nas pessoas. Quero acreditar em mim. Saber que estamos todos dando o melhor.
E deixar de ver nas crianças a perpetuação dos nossos erros.
E saber que todo meu esforço para melhorar nos último anos não foi só meu.
Aprender a gostar das melhorias lentas sem acomodar-me no errado.
Nunca enraivecer com os erros e ao mesmo tempo nunca aceitá-los.
E principalmente ajudar a transformar sabendo que ainda sou pequeno e assustado.
Sinto que, para essas dúvidas: ainda não sei.
Mas a ignorância acusada parece-me um bom sinal.
Essas reflexões aumentam meu respeito. Por mim e pelos outros.
E dizem-me que preciso estar mais atento. Mais vivo .
Mais carinhoso.
13 comentários:
Cada vez melhor, parar e reflectir! Obrigada por partilhares!
Beijinhos de Admiração
You left me speechless....
Amei a reflexão e admiro a tua coragem!
As respostas chegam sempre......
beijo,beijo
A noção que temos de nós e do que nos rodeia não é linear, antes fosse, mas é importante que estejamos conscientes das nossas limitações!
O simples facto de as assumirmos é um acto de coragem.
Beijos
Obrigado, Lara. Muitos beijos para ti
Lôri, saudade de ti. Muita. Beijo enorme
Obrigado, Ná. Sei que chegam. Ou, nalgumas vezes, já estão e não temos coragem de assumí-las. Beijo beijo.
Concordo, Acília. Como meu objetivo é diminuir minhas limitações considero também tomar consciência delas um grande passo. Grande como meu beijo para ti.
No fundo de todos nós está o medo,enraizado para o ser e o não ser.É para aqueles que se acham mais e melhores que o ciclo da vida retorna em coisas menos boas...depois é a tal coisa:só me acontecem coisas más!!!porque será?
conhecer a nós mesmos é conhecer os outros.
Brigada pelos pensamentos,sempre verdadeiros:)
Mais motivos para olhar com "olhos de ver".
jinhos fortes da Andreia
Um pouquinho só do que passou-me:
Vivemos cercados por mentiras. E estamos tão acostumados com isso, somos tão hábeis em mentir que nem mais percebemos as mentiras. É um jogo quase inconsciente. Não é nem proposital, mas um hábito.
Ou ainda, quando dizemos verdades e notamos que as pessoas não estão prontas para ouvi-las, passamos a contar mentiras doces. Como se a verdade precisasse ser adoçada para ser engolida.
É assim... existimos com as nossas várias verdades e as nossas diversas mentiras numa influência recíproca de dois ou mais elementos.
Obrigado pela visita, Andreia. Muitos beijos para ti.
Tá, identifiquei-me totalmente com o que escreveste. Beijo enorme!
Thi, obrigada por partilhares os teus sentimentos. Uma coisa eu sei: tu és a pessoa mais sincera e verdadeira que eu conheço.
E, todos estamos no mesmo barco, não é? Aprendendo a ser melhores a cada dia, aos tropeções. Não te leves tão a sério. Rss
Beijo enorme: D
Cris
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