Quero estar contigo. Só nós dois.
Sem outros olhares, sem outras pressas e pressões.
E, de olhos fechados, deslizar as pontas dos dedos por tua pele. Sentir os contornos do teu corpo.
Descobrir teu cheiro. Ouvir teu sorriso.
E teu jeito que te despe. Que nos trejeitos entrega quem és.
Saber o já sabido, desta identificação que me puxa a ti.
E dar vazão a esse rio que sabe bem o que quer e fica cá, todo tímido.
Como se não soubesse que o destino dele é o teu mar.
sábado, 27 de março de 2010
sábado, 20 de março de 2010
Um passeio pela cité.
Será possível estar conectado com o mundo de forma tão profunda que nada mais surpreende?
E não tornar isso uma contradição com a capacidade de encantar-se com tudo?
É isso liberdade?
Assim não admiro o que é suposto e sim o que acho mesmo lindo?
O que construo com essa tentativa de não ser igual?
É mesmo uma tentativa?
É assim tão difícil?
É melhor?
Solitário?
Algumas vezes temos tudo nas mãos e perdemos a oportunidade.
Estávamos mais atentos às mãos?
Não sou nenhum deles.
Tenho sangue de todos e não os pertenço.
E por segundos pensei estar tão perdido em meus costumes que não conseguia admirar o diferente.
E uns traços me salvaram!
E viajar, mais do que mostrar-me que as pessoas de outros países são diferentes ensina-me que cada pessoa ao meu lado é única. E se ainda não percebi isso é porque ainda não prestei suficiente atenção.
Elas são lindas e universos inteiros.
Nós ansiamos por conhecer o universo. E cada pessoa ao nosso lado é um universo pedindo para ser visitado e desperdiçamos oportunidades. Por não sabermos ouvir, por não sabermos olhar.
E tudo pode ser visto a olho nú. Sem necessidades de equipamentos ou conhecimentos especiais.
Só se precisa de vontade!
Pode ser tão belo ouvir alguém falar sobre si mesmo. Sobre seus sonhos e vontades.
E mais tocante ainda é ver aquilo que a pessoa mostra a poucos escolhidos. E talvez algo que ela mesma desconheça. E ajudá-la a dividir tesouros e riquezas com outros.
E imaginar que num futuro próximo todos dividiremos nossas belezas.
Mas não numa ansiedade de mostrá-la, mas sim através de um intercâmbio mágico e multilateral.
Quase que sem palavras, totalmente sem fingimentos, sem tentativas de parecer algo que não somos.
Nós mesmos, melhores do que agora, sem nossas limitações, sem nossos medos.
Com a consciência de que sou único mas conectado com outros.
Assim como as células do meu corpo, que são únicas, mas funcionam numa perfeita coexistência de contribuição, enriquecimento; Numa dança de vida.
Quero mesmo pensar que sou capaz. Quero mesmo pensar que você é capaz.
E nos encontramos lá.
domingo, 14 de março de 2010
Silêncio
O que existe de mais lindo está tão forte diante de nossos olhos que já esquecemos de admirá-lo.
E esse esquecimento é fortalecido com uma educação repressora que diminui a capacidade das pessoas de serem elas mesmas. Nela é-nos dado um conjunto de normas e regras que têm como objetivo tornar-nos o mais iguais possível.
Quando uma criança está no chão com os pés afastados, lá vem a mãe diz: - Fecha as pernas, porque é feio! Menina bonita não senta assim. - E já começa a perder-se a flexibilidade. E depois o pequeno fica no sofá com a cabeça para baixo: - Sai daí, moleque, pois isso faz mal!
Depois ensinam que meninas brincam disso e meninos daquilo. E mostra-se que tocar as pessoas é feio e explorar o corpo é inaceitável. Abraçar e beijar pessoas só é conveniente em ocasiões especiais. Se amar de verdade, tem-se que fazer tais e tais procedimentos.
Aos poucos todos sabem que no inverno só se deve usar roupas escuras e que filmes bons são os de Hollywood.
Isso cria gente mecanizada, sem capacidade consciente de escolha.
Nesse processo todo aprendemos que temos que olhar apenas para fora. Que todas as informações são recebidas de fora para dentro.
E dizem que tudo o que falamos tem que ter fonte e perguntam: Onde leu isso? Quem lhe falou? De onde tirou isso?
É ensinado que temos que ignorar nosso corpo, a não ser em caso de doença e que ideias que nos surgem sem terem sido pensadas são bobagens sem sentido.
Em resumo. Aprendemos a dispersar.
Esse conjunto todo afasta-nos de nosso silêncio interno, de nossa essência. Deixa-nos distantes de verdades e percepções que vibram dentro de nós todo o tempo até que não mais as ouçamos.
E a liberdade que nos é ofertada ao nascermos vira algo relegado ao mundo dos sonhos.
Com todos nessa programação é mais fácil vender discos, fazer programas de tv e, num desdobramento, eleger políticos que sabem o que falar para convencer uma massa que tenha os mesmos gostos, as mesmas aspirações e anseios.
E como forma de nos libertarmos disso, podemos simplesmente ficar quietos.
Quando foi a última vez que passou algum tempo consigo? A prestar atenção na respiração, a sentir seus músculos? A ouvir seu próprio silêncio?
Quando nos concentramos e nos aquietamos, nossa consciência se expande de forma a ampliar nosso contato com nós mesmos.
Esse silêncio revela-se uma fonte de descobertas incríveis.
Entre elas a de que nós somos seres diferentes dos demais.
A levar-se em conta as infinitas formas de se fazer filme, os diferentes estilos de música e cores de roupas, deveria ser surpreendente que encontrássemos alguém com os mesmos gostos.
O silenciar pode ser libertador, aprazível e pleno de belezas e autoconhecimento.
Para evoluirmos, em alguns momentos, temos que seguir o caminho contrário ao usual. Isso não quer dizer tornarmo-nos esquizóides ou alienados. Quer dizer sairmos da apatia imposta pelo cotidiano (quotidiano deste lado do oceano, mas eu manteria a grafia porque tens outras sugestões que denunciam que vens do Brasil!).
Ao invés de respirarmos mal, temos que respirar amplamente. Ao invés de usarmos pobremente nosso corpo, temos que explorar suas possibilidades. Ao invés de ignorarmos nossas emoções temos que aprender a canalizá-las para nosso melhor relacionamento com o universo.
E ainda mais:
Trocar multidões pela solitude. No lugar de movimento temos que conquistar a imobilidade. E ao invés de percebermos cada vez menos o que acontece: iluminamos nossa consciência.
Não acredite no que vem de fora para dentro a não ser que isso encontre um eco em seu interior.
Dispa-se de condicionamentos, verdades inabaláveis e pensamentos que não podem ser questionados.
E se descobrir que ser você mesmo é passar o domingo no shopping isso não é um problema. Vai ter a liberdade de fazer o que todos fazem mas não por hipnose e sim, por uma manifestação do seu eu.
Ao questionar-se conquista-se aprimoramento.
E mesmo que depois decida continuar a fazer exatamente da mesma forma fá-lo-á com mais determinação, com mais alegria e com mais certeza. E ganha beleza, encanto e vida até nos seus atos mais simples.
Um " bom dia " desejado a alguém passa a ter um valor tocante pela intensidade e verdade contidas nele.
Ganha um poder de transformar tudo a sua volta a partir da transformação de si.
Inclui-se uma filosofia no cotidiano, um ponto de vista que o liberta dos paradigmas que prendem e atrasam a humanidade. E com tal força torna-se um agente modificador de si mesmo e da história da civilização.
Foto de Thiago Duarte.
segunda-feira, 8 de março de 2010
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