segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Um chefe matriarcal.


Estamos acostumados com chefes mal humorados, com expressões bravas e a falar aos gritos.

Em nossa educação prioritariamente repressora aprendemos desde pequenos, por alguma falha, que é essa forma de se relacionar com subalternos. E mesmo que isso nos ofenda tendemos a tratar aqueles a quem lideramos, os que nos prestam serviços e aos que ensinamos da mesma forma. E durante nossa criação, aprendizado e formação de carácter aprendemos pelo que vemos e não pelo que ouvimos. E vemos essas acções repetidas aos milhares diariamente. Com nossas mães, professores, adultos e todos os que estão acima hierarquicamente.

Fazem-nos acreditar que são pessoas que tudo sabem e que não cometem erros ou não possuem defeitos.
Aprendemos desde cedo que nossos tutores podem nos tratar como bem entenderem.
E mesmo que ninguém nos diga isso e essa ideia pareça absurda damos por nós a pensar ou a sentir isso muito frequentemente. Ou mesmo sem nos apercebermos estamos a actuar com base nisso.

E não me refiro só a aguentarmos cara feia de nossos chefes, mas a nós mesmos assumirmos o papel no momento de lidar com pessoas que precisamos conduzir.

O interessante nesse tema é que ele é algo de uma sutileza incrível, pois já está enraizado em nós esse conceito de que quem nos ensina ou nos conduz a algo precisa fazer o papel de malvado e irritante.

Que triste pensar que não temos maturidade para sermos bem tratados ou para sermos amigos de nossos superiores hierárquicos e mesmo assim sabermos em quais ocasiões temos que respeitá-los.

Se estabelecermos uma conexão com aquele com quem trabalhamos o processo será mais agradável, mais produtivo, mais rápído, enriquecedor e feliz.

Temos que desenvolver a maturidade de possuirmos e reconhecermos autoridades que nos tratem bem e sejam nossos amigos e aprendermos que o líder pode ser um parceiro, amigo e alguém que até aprende connosco sem tirar-lhe o devido título.

Se é do nosso interesse aprendermos e evoluirmos precisamos desenvolver em nós a capacidade, o impulso de extrair conhecimento de todos os momentos de convívio, no trabalho, na escola ou até na praia.

E conquistarmos uma capacidade tão profunda de assimilação de ensinamentos que mesmo quando sejamos tratados com carinho e amizade pelo detentor do conhecimento possamos aprender de forma exacerbada. E essa forma de relacionamento, que até se tornou incomum nos dias de hoje, deveria ser um caminho para nos tornarmos mais próximos e mais identificados com aquele que nos lidera ou ensina o que inevitavelmente faria a comunicação fluir profundamente e com uma eficácia superlativa.

Sabermos que se estamos juntos é porque temos um propósito comum e podemos chegar a nossas metas com brigas, discussões, mágoas e um a se sobrepor ao outro a cada oportunidade. Ou fazermos a jornada a nos divertirmos, a crescermos como pessoas, como profissional. E se não temos um propósito em comum, se não desejamos o mesmo, devemos e merecemos nos afastar.

Impossível que eu não consiga uma profissão ou uma escola com valores com os quais me identifico. E se não consigo, está na hora de incrementar minhas capacidades.

Todos os momentos podem envolver reflexão, amadurecimento, felicidade, carinho, produtividade, descontracção.

E devemos aprender a perceber que se um professor ou alguém com cargo mais alto que o nosso se aproximar de nós devemos ter um cuidado dobrado para manter-nos como aprendizes mesmo que sejamos excelentes amigos. Ainda devemos manter o interesse, o carinho e a vontade de respeitar, aprender e estarmos abertos para na proximidade sermos alunos e colaboradores com excelência.

E poderemos criar relacionamentos profissionais mais humanos e ao mesmo tempo mais sérios pois nos envolveríamos de forma profunda e entenderíamos melhor o que querem de nós, saberíamos como trazer connosco aqueles a quem lideramos. Como envolvê-los em nossos ideais e fazê-los adquirir e perceber como será importante para eles que atinjamos a meta juntos.

E também conseguiríamos fazer o caminho inverso. Ensinar àqueles que nos ensinam que podem ser mais humanos connosco e mesmo assim os respeitaríamos e trabalharíamos com todo nosso afinco. mas dando mais liberdade à nossa criatividade, colocando vontade, bem estar e envolvimento em tudo.

E teríamos todos a ganhar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Distraidamente,


Não quero ser o mais importante da tua vida.

Quero ser o mais importante de cada momento que passamos juntos. Ou, melhor ainda, descobrir contigo o que merece importância nos momentos em que estejamos juntos.

Queria, ensinar-te a ver o importante, aprender a vê-lo nos teus olhos, a ouvi-lo junto com o aroma que sai da tua boca. E estontear-me por instantes, a descobrir que o importante pode ser delicioso.

E esnobar em tua companhia, tudo o que para os outros é valioso. Perceber outras preciosidades, que brilham sob a poeira acumulada em tantos anos de esquecimento.

Quero parar na rua e admirar algo atirado no chão, como se tivesse encontrado um tesouro e esperar tu voltares com uma expressão de pergunta no rosto e me entender assim que vires o que tenho nas mãos.

E de repente a cidade toda não existe e deixamos de lado o que faríamos.

E perceber que o importante é isso. Que a vida está a acontecer, que o que procuramos está bem aos nossos pés. Sentir que muitos vão gastar a vida a correr atrás, a viajar atrás e trabalhar atrás do momento que estão a viver e desperdiçar.

E lembrar que os momentos que tive contigo foram lindos porque foram únicos. E ignorar que poderia ter sido diferente e desfrutar do que foi, do que eu fiz com aquilo que vivi.

E saber que a vida está aqui, está aí. Está ao teu lado a cutucar teu ombro e chamar-te para participar, para ser feliz.

Sorrir a deixar que o sorriso se espalha para onde haja ar, para onde haja vida. E ser tudo, e ser o momento.

Ser vivo,

ser belo,

ser único e

ser importante!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Árvore

Vi uma senhora enfeitando um pinheiro morto com umas tiras de sacola plástica.

Tive duas visões totalmente opostas: 1° alguém perdendo tempo com algo inútil e tolo. 2° Alguém com a incrível capacidade de ver beleza na vida que tem.

Perguntei-me o que faço com minha vida, quis saber quanto tempo perco dando atenção a atividades, coisas e até pessoas que talvez não vão acrescentar muito à minha vida.

Tem uma história que diz que sempre todos acrescentam algo. Mas toda generalização é perniciosa. Fiz a pergunta para cutucar minha capacidade de discernir o que quero, o que me acrescenta, o que me torna uma pessoa melhor.

Fiquei muito preocupado com minha própria vida. Será que estou dando importância para o que realmente a merece? O que merece importância?

Passamos muito tempo de nossa vida dando atenção, esforço e carinho para aspectos de nossa vida que nos trarão um retorno bem pequeno. Um dos motivos é que, normalmente só vamos descobrir isso depois de algum tempo de investimento. Outro motivo, mais subjetivo até, é que esse esforço dito inútil nos aprimora como pessoa.

Já que tanto as atividades prazerosas quanto as entediantes nos enriquecem, devemos aprender a dedicar tempo ao que nos dá prazer. Fácil dizer, não tão difícil fazer. Sinta o quanto lhe incomoda enfeitar uma árvore morta, lembre-se que primeiro estamos analisando sob o ponto de vista de desperdiçarmos nosso tempo.

Há assuntos e trabalhos em nossa vida que precisam ser feitos, há outros que nem tanto.

Comecemos abandonando esses assuntos de menor importância. Teremos mais tempo para dedicarmos a nós mesmos. Isso aumentará nossa qualidade de vida e mudará diversos outros fatores.

Com isso, poderemos nos expor a mais atividades e vamos descobrir mais delas que nos trarão prazer.

Resta ainda as que realmente não dão escapatória. Se já conquistamos capacidades de filtrar, fica fácil transformar as atividades necessárias em algo satisfatório, até porque elas então já não tomarão a maior parte do dia como nos parecia antes e também porque nossa disposição será outra.

Nosso relacionamento com nosso dia-a-dia será diferente e teremos desenvolvido a habilidade de realizar o que sempre realizamos de maneira diferente.

Agora, analisaremos sob o aspecto de ver beleza no que parece sem valor.



Às vezes gostamos de reclamar que nosso trabalho é chato, nossa namorada sem graça e a vida sem novidades. Que costume alucinado este.

Há coisas na vida que não vão mudar tão cedo: o trânsito, fazer frio ou calor. Aquela pessoa que fica no nosso pé. Sempre haverá algo que nos incomoda.

Ver aquela senhora me abriu a cabeça para amar minha vida. Sempre teremos dificuldades e situações pelas quais teremos que passar. E já que é assim, que o façamos da forma mais prazerosa possível.

Da próxima vez em que ficar numa fila interminável, leia um livro. Quando chover, reúna os amigos para um filme. O que tem que mudar é a nossa atitude em relação ao que acontece. O que temos que fazer é cortar umas sacolas de supermercado e enfeitar a árvore seca.

Por exemplo uma burocrática tarefa no seu trabalho. Será que só há uma forma, sem criatividade e sem prazer de se executá-la?

E se a resposta é sim, porque não fazê-la com o prazer com que se faz algo diferente porque tudo o mais você já está exercitando fazer com beleza e alegria e por isso umas poucas atividades sem graça no seu dia não terão a capacidade de tirar seu bom humor.

Aprendendo a acrescentar prazer no cotidiano, uma mágica acontece: descobrimos que muito do que pensamos ser obrigatório fazer na verdade não é. Alguns estão bem escondidos sob a máscara de obrigação, mas é certo que aprendemos a tirar-lhe a fantasia.

Isso nos dará uns anos a mais e aumentará a qualidade da nossa vida ao extremo. E com essa atitude vamos conseguir perceber melhor quando é o momento de ver beleza no que parece e quando é o momento de perceber que nossa atenção está voltada para o lado errado.

Lembre-se do quão precioso é o seu tempo. Tenha certeza de que vale investir alguns instantes pensando se devemos fazer determinada tarefa ou não ao invés de simplesmente darmos nossos preciosos minutos a tudo o que nos cai no colo.

E faça novas todas as coisas.