quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Paradigma da Profissão - por Fernanda Monteforte

Crescemos em um contexto sócio-cultural adverso às mudanças. Quantas não são as famílias que educam seus filhos a seguirem, de olhos atados, o previsível roteiro da novela da vida.

A previsibilidade e falta de criatividade nos fazem perceber que muitos jovens optam pelas carreiras profissionais não pelo brio e pela paixão que nutrem àqueles que fazem o que amam, mas pela acomodação de, simplesmente, seguir o óbvio, almejando a suposta estabilidade financeira.

Pior do que nutrir uma postura servil é a futura constatação de que a sonhada estabilidade, possível frustradora de sonhos, nem sempre ocorre. Os números demonstram cada vez mais uma inversa realidade. Quantos dos tradicionais médicos, advogados, engenheiros ou dentistas estão realmente satisfeitos com o retorno auferido após anos de expressivo investimento em sua formação? Como está o mercado de trabalho para estas profissões?

Fácil também é identificar que a maior parte dos profissionais bem sucedidos é constituída daqueles que fizeram de sua profissão seu mais nobre ideal de vida.

Médico, policial ou ator, quem trabalha por amor, comprometimento, abnegação ou vocação assume o poder de transmutar chumbo em ouro puro, como o conhecido Rei Midas da Mitologia Grega.

Assim, os conceitos de trabalho e bem-estar jamais serão antagônicos.

Restringir-se de sonhar ofusca o colorido da vida. Muitas pessoas trabalham para viver e, ironicamente, perdem suas vidas assim...obstadas pelos condicionamentos da hipocrisia. Essas amarras normalmente são vinculadas ao receio de mudar.

Trabalhar por um ideal é uma força motriz de muitas realizações. A vontade de deixar nossa marca no mundo, de construir para que, cada vez mais, nos tornemos verdadeiros arquitetos da raça humana, torna nossa espécie tão generosa e especial.

Convido-lhe a um mergulho na sua intimidade. Estamos o tempo todo a tecer nosso destino, que ao invés de tirano e cruel pode ser tão maleável quanto desejarmos. A cada minuto, nossos pensamentos, palavras e ações moldam a nossa estória, mudam nossa vida.

Mude o mundo, comece por você.

sábado, 18 de outubro de 2008

Tento agarrar. E me soltar.

E esfrego a janela , como se estivesse tirando a sujeira de mim. Aumento o som para não ouvir meus pensamentos.

Está tudo tão claro. Ou será que só complico algo simples? Talvez não haja nada para saber.

Nada a limpar. Escrevo sem querer um público. É possível? Vontade de esconder que, às vezes, tenho algo a esconder.

Não quero possuir. Não me agrada. Desejo entender. Encanta-me.

É a liberdade ou o carinho que assusta? Façamos um trato. Depois, se tudo for como as pessoas querem, façamos um contrato. Prestar atenção nas próprias vontades é poesia.

É o que querem que eu acredite.
Mas para mim o primeiro passo para não respeitar os demais é não respeitar a mim mesmo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Formatura da Primeira Turma do Curso Superior de Yôga por Alessandro Martins

Na verdade muito melhor que você vá ler o texto na fonte: http://eupraticoyoga.com/2008/10/06/formatura-da-primeira-turma-do-curso-superior-de-yoga-na-uepg/ Lá você verá as fotos e travará contato com esse escritor, que gosto muito.

Depois de alguns anos de morosidade burocrática, a primeira turma do Curso Seqüencial de Yôga, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná, teve a sua formatura. Foi nesta sexta-feira, dia 3 de outubro na Reitoria da UEPG, às 19 horas.

O curso teve início em 2002 e foi o primeiro do gênero no mundo. Eu tive o prazer de fazer a Homenagem aos Mestres e li o seguinte texto para os colegas e mestres ali presentes:


"O mestre é o cara que encontrou, no escuro, um caminho.
Mestre também é aquele que, ao chegar onde quer que o caminho leve, dissipa essa escuridão.
Se você vê uma luz no fim do túnel, é esse cara. Segurando uma lanterna.
Lá na frente. Não é ele que deve vir a você, mas você a ele - a ele que já fez o caminho.
Ainda assim, se você insistir em olhar para as paredes do túnel, para o labirinto de escuridão, seja com medo - que paralisa - seja com a intenção de se envolver por elas, as trevas, o mestre, ainda por cima, vai chamar. Lá de longe.
Ele não pode puxá-lo, não pode laçá-lo, não pode prendê-lo. Como um mestre poderia ensinar a liberdade com tais recursos? Que tipo de aprendizado é aprendizado sem ser libertador e sem conter a liberdade em seus métodos?
O mestre não pode vender certezas. Pode tão somente, com a mão em concha, ofertar uma possibilidade. A primeira coisa que ele ensina, com isso, é a liberdade de aceitar ou não essa possibilidade. E o aluno, ainda que não a aceite, já terá aprendido algo. A liberdade de aceitar ou não.
O mestre, em relação aos seus alunos, pode apenas lançar mão do mesmo encanto que o encantou e que o fez chegar onde chegou. Não mais. O aluno escolhe o mestre. Não o contrário.
A dádiva de educar, assim, pode ser acompanhada da frustração de não ser ouvido. O mestre aprende a superar essa dor. Pois às vezes se está muito longe: o verdadeiro educador é vanguarda, ainda que ensine a sabedoria do passado remoto.
O educador está na frente da batalha: seu conhecimento é como a mochila de um guerreiro, o equipamento de um soldado. E poucos, como ele o fez ou faz, gostariam de se oferecer às pedras da ignorância na linha de frente.
Então, o verdadeiro mestre - não importa de que área do conhecimento - faz seu chamado. Alguns o ouvirão. Outros não. Certas sementes não germinam em alguns solos e, para cada solo, mesmo os pedregosos, há uma semente apropriada.
Alguns chegarão onde o mestre chegou. Poucos, muitos, não importa. Sentados em torno da fogueira, todos juntos, olharão para o caminho que trilharam. Verão que o mestre mostrou a trilha, mas cada um teve de deixar suas próprias pegadas nela.
E então chega a vez de alguns desses alunos irem além. A hora de uma verdade que alguns - mais emotivos - acharão melancólica: os mestres também são necessários porque nós humanos somos finitos, não temos como perpetuar sozinhos, na linha do tempo, um conhecimento. Nosso tempo é muito limitado. A arte é grande, a vida pequena: projetamos, professamos, nas gerações seguintes os novos caminhos a serem trilhados ou a sabedoria que deve ser preservada intacta como um diamante.
É nesse momento que o mestre irá lhe passar às mãos o lume com que, durante tanto, tempo ele iluminou o túnel que você percorreu. E você entenderá, então, que, antes dele, um outro mestre fez esse mesmo gesto. E, antes desse, outro. E antes, ainda, outro, até onde alcança a limitada compreensão humana acerca do passado.
E, finalmente, o mestre lhe apontará para onde acredita ser o caminho que faria. E, novamente, com a liberdade que você aprendeu desde o início desta jornada, você fará uma nova escolha.
E, sem medo, dará um novo passo. A jornada do conhecimento deve continuar."

Até chegar a sua conclusão, de fato, o curso passou por diversas dificuldades. Muitos desistiram no meio do caminho. As dificuldades burocráticas tiveram que ser superadas num esforço conjunto da idealizadora Maria Helena Aguiar, da coordenadora Hermínia Bugeste Marinho e da aluna Karla Juliane.
Mas, enfim, chegamos lá. De certo modo, somos todos pioneiros.

Alessandro Martins.