terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fog

Descobri que sou esfumaçado. Cada pessoa possui suas próprias formas de se relacionar com o mundo a sua volta. A minha é esfumaçada.

Quando estou em um lugar deixo que minhas percepções se espalhem ao redor, vou atrás de aromas, cores, intenções, olhares. Parece que estou tentando envolver tudo o que está à minha volta. Como se fosse entrando pelas frestas das mais densas barreiras, abraçando completamente as pessoas que conversam comigo, sentindo o tato da música que toca. Mas também me disperso com uma facilidade irritante.

Pareço impossível de se agarrar, Meus pés ficam só metade fixos ao solo e esqueço. Esqueço nos momentos e nas situações mais improváveis.

Estou sempre voando entre características que seriam contraditórias em outras pessoas.

Quando percebi que sou como uma névoa, fiquei meio tenso. Pode-se parecer fútil tendo essa característica.

Mas as brumas podem atravessar fronteiras intransponíveis para outros estados da natureza.E podem nos envolver sem nos incomodar e dar-nos uma sensação de um abraço em cada centímetro de pele. Pode se elevar nas alturas e passar despercebida até pelos mais atentos.Sou também desprendido de tal forma que os que não me conhecem pensam que sou descuidado. E às vezes, sou mesmo descuidado. Em outras parece que esta névoa atrapalha minha visão e aí sou menos do que gostaria de ser.

Gosto de me moldar as situações sem deixar de ser eu mesmo. Encaixo-me, me divirto, sou sincero com um sorriso surpreeendente, finjo com uma veracidade inacreditável.

Transformo minha vida num esforço para melhorar, mas muitas vezes pareço imóvel. Adapto-me como a água e posso queimar como o vapor quente. E sou Thiago, uma figura ímpar, um cara comum que vai sendo o que quer e aprendendo com as pessoas. Olhando detalhes, se distraindo para as importâncias da vida. Produzindo, irritando e dividindo minha felicidade com quem quiser e, principalmente, com quem merecer.

Sou transparente.

E flutuo. E desapareço.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Paradigma da Profissão - por Fernanda Monteforte

Crescemos em um contexto sócio-cultural adverso às mudanças. Quantas não são as famílias que educam seus filhos a seguirem, de olhos atados, o previsível roteiro da novela da vida.

A previsibilidade e falta de criatividade nos fazem perceber que muitos jovens optam pelas carreiras profissionais não pelo brio e pela paixão que nutrem àqueles que fazem o que amam, mas pela acomodação de, simplesmente, seguir o óbvio, almejando a suposta estabilidade financeira.

Pior do que nutrir uma postura servil é a futura constatação de que a sonhada estabilidade, possível frustradora de sonhos, nem sempre ocorre. Os números demonstram cada vez mais uma inversa realidade. Quantos dos tradicionais médicos, advogados, engenheiros ou dentistas estão realmente satisfeitos com o retorno auferido após anos de expressivo investimento em sua formação? Como está o mercado de trabalho para estas profissões?

Fácil também é identificar que a maior parte dos profissionais bem sucedidos é constituída daqueles que fizeram de sua profissão seu mais nobre ideal de vida.

Médico, policial ou ator, quem trabalha por amor, comprometimento, abnegação ou vocação assume o poder de transmutar chumbo em ouro puro, como o conhecido Rei Midas da Mitologia Grega.

Assim, os conceitos de trabalho e bem-estar jamais serão antagônicos.

Restringir-se de sonhar ofusca o colorido da vida. Muitas pessoas trabalham para viver e, ironicamente, perdem suas vidas assim...obstadas pelos condicionamentos da hipocrisia. Essas amarras normalmente são vinculadas ao receio de mudar.

Trabalhar por um ideal é uma força motriz de muitas realizações. A vontade de deixar nossa marca no mundo, de construir para que, cada vez mais, nos tornemos verdadeiros arquitetos da raça humana, torna nossa espécie tão generosa e especial.

Convido-lhe a um mergulho na sua intimidade. Estamos o tempo todo a tecer nosso destino, que ao invés de tirano e cruel pode ser tão maleável quanto desejarmos. A cada minuto, nossos pensamentos, palavras e ações moldam a nossa estória, mudam nossa vida.

Mude o mundo, comece por você.

sábado, 18 de outubro de 2008

Tento agarrar. E me soltar.

E esfrego a janela , como se estivesse tirando a sujeira de mim. Aumento o som para não ouvir meus pensamentos.

Está tudo tão claro. Ou será que só complico algo simples? Talvez não haja nada para saber.

Nada a limpar. Escrevo sem querer um público. É possível? Vontade de esconder que, às vezes, tenho algo a esconder.

Não quero possuir. Não me agrada. Desejo entender. Encanta-me.

É a liberdade ou o carinho que assusta? Façamos um trato. Depois, se tudo for como as pessoas querem, façamos um contrato. Prestar atenção nas próprias vontades é poesia.

É o que querem que eu acredite.
Mas para mim o primeiro passo para não respeitar os demais é não respeitar a mim mesmo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Formatura da Primeira Turma do Curso Superior de Yôga por Alessandro Martins

Na verdade muito melhor que você vá ler o texto na fonte: http://eupraticoyoga.com/2008/10/06/formatura-da-primeira-turma-do-curso-superior-de-yoga-na-uepg/ Lá você verá as fotos e travará contato com esse escritor, que gosto muito.

Depois de alguns anos de morosidade burocrática, a primeira turma do Curso Seqüencial de Yôga, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná, teve a sua formatura. Foi nesta sexta-feira, dia 3 de outubro na Reitoria da UEPG, às 19 horas.

O curso teve início em 2002 e foi o primeiro do gênero no mundo. Eu tive o prazer de fazer a Homenagem aos Mestres e li o seguinte texto para os colegas e mestres ali presentes:


"O mestre é o cara que encontrou, no escuro, um caminho.
Mestre também é aquele que, ao chegar onde quer que o caminho leve, dissipa essa escuridão.
Se você vê uma luz no fim do túnel, é esse cara. Segurando uma lanterna.
Lá na frente. Não é ele que deve vir a você, mas você a ele - a ele que já fez o caminho.
Ainda assim, se você insistir em olhar para as paredes do túnel, para o labirinto de escuridão, seja com medo - que paralisa - seja com a intenção de se envolver por elas, as trevas, o mestre, ainda por cima, vai chamar. Lá de longe.
Ele não pode puxá-lo, não pode laçá-lo, não pode prendê-lo. Como um mestre poderia ensinar a liberdade com tais recursos? Que tipo de aprendizado é aprendizado sem ser libertador e sem conter a liberdade em seus métodos?
O mestre não pode vender certezas. Pode tão somente, com a mão em concha, ofertar uma possibilidade. A primeira coisa que ele ensina, com isso, é a liberdade de aceitar ou não essa possibilidade. E o aluno, ainda que não a aceite, já terá aprendido algo. A liberdade de aceitar ou não.
O mestre, em relação aos seus alunos, pode apenas lançar mão do mesmo encanto que o encantou e que o fez chegar onde chegou. Não mais. O aluno escolhe o mestre. Não o contrário.
A dádiva de educar, assim, pode ser acompanhada da frustração de não ser ouvido. O mestre aprende a superar essa dor. Pois às vezes se está muito longe: o verdadeiro educador é vanguarda, ainda que ensine a sabedoria do passado remoto.
O educador está na frente da batalha: seu conhecimento é como a mochila de um guerreiro, o equipamento de um soldado. E poucos, como ele o fez ou faz, gostariam de se oferecer às pedras da ignorância na linha de frente.
Então, o verdadeiro mestre - não importa de que área do conhecimento - faz seu chamado. Alguns o ouvirão. Outros não. Certas sementes não germinam em alguns solos e, para cada solo, mesmo os pedregosos, há uma semente apropriada.
Alguns chegarão onde o mestre chegou. Poucos, muitos, não importa. Sentados em torno da fogueira, todos juntos, olharão para o caminho que trilharam. Verão que o mestre mostrou a trilha, mas cada um teve de deixar suas próprias pegadas nela.
E então chega a vez de alguns desses alunos irem além. A hora de uma verdade que alguns - mais emotivos - acharão melancólica: os mestres também são necessários porque nós humanos somos finitos, não temos como perpetuar sozinhos, na linha do tempo, um conhecimento. Nosso tempo é muito limitado. A arte é grande, a vida pequena: projetamos, professamos, nas gerações seguintes os novos caminhos a serem trilhados ou a sabedoria que deve ser preservada intacta como um diamante.
É nesse momento que o mestre irá lhe passar às mãos o lume com que, durante tanto, tempo ele iluminou o túnel que você percorreu. E você entenderá, então, que, antes dele, um outro mestre fez esse mesmo gesto. E, antes desse, outro. E antes, ainda, outro, até onde alcança a limitada compreensão humana acerca do passado.
E, finalmente, o mestre lhe apontará para onde acredita ser o caminho que faria. E, novamente, com a liberdade que você aprendeu desde o início desta jornada, você fará uma nova escolha.
E, sem medo, dará um novo passo. A jornada do conhecimento deve continuar."

Até chegar a sua conclusão, de fato, o curso passou por diversas dificuldades. Muitos desistiram no meio do caminho. As dificuldades burocráticas tiveram que ser superadas num esforço conjunto da idealizadora Maria Helena Aguiar, da coordenadora Hermínia Bugeste Marinho e da aluna Karla Juliane.
Mas, enfim, chegamos lá. De certo modo, somos todos pioneiros.

Alessandro Martins.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Helmet -Meantime

Helmet embalou muito minha vida no meio da década de 90. Por isso decidi estrear essa sessão com os caras. Vibe boa, muita energia, umas guitarras forte, acompanhadas de um vocal gostoso e decidido. Quem quiser o link para download grátis dê um toque. Have fun.

terça-feira, 8 de julho de 2008

E o júri considera o réu...

Para algumas pessoas que conheço, um motivo de tristeza é que se sentem culpadas quando fazem algo que têm vontade.
É porque fazem algo que gostam , mas se julgam com os parâmetros de outras pessoas.
Se a vontade é tão grande e se o ato não vai machucar, nem prejudicar ninguém, será que é um problema realizá-lo?
Ouvimos muito que não se pode fazer isso, que aquilo é errado, feio, bobo, sujo ou estranho.
Eu questiono a plenitude da felicidade daqueles que ensinam isso. E mais ainda, dos que apenas atendem a essas proibições.
Não estou dizendo para nos tornarmos subversivos.
Parece-me muito importante que conheçamos as regras dos grupos nos quais estamos inseridos: família, trabalho, namoro, amigos, time, vizinho, cidade e algumas dezenas mais.
É fundamental que saibamos as regras para poder quebrá-las.
Claro.
O ideal é que, quando pudermos, escolhamos nos aproximarmos dos grupos que tenham as idéias mais simpáticas às nossas.
Mas considerando a sociedade como um todo, eu preciso analisar quais são os meus valores, o que me torna uma pessoa única e especial, diferente de todas as demais.
O que eu sou, realmente, quando desrespeito esta individualidade?
Pensando nisso, vamos cada vez mais nos conhecer e gerar uma necessidade de respeitar essa agradável pessoa que descobrimos. Depois virá o momento de confrontar a lista de vontades dessa pessoa, com a lista do que se espera dela.
A princípio, parece não haver outra saída a não ser respeitarmos o que esperam de nós ou, então, não poderemos viver em sociedade. Mentira, mentira, mentira!
O que precisamos respeitar são as pessoas, e não suas expectativas e vontades com relação a nós.
Para tanto, temos que ser honestos conosco mesmos. Às vezes, nos suprimimos para agradar alguém, nos tornando falsos e desinteressantes, pois, ao fazê-lo, é bem provável que escondamos aquilo que trouxe tal pessoa para perto de nós.
Isso é muito diferente de mudar. É lindo quando mudamos para crescer como ser humano e estas mudanças vêm de encontro com os interesses dos amigos ou da pessoa que está ao nosso lado. Mas é totalmente distinto quando nos obrigamos a algo para sermos aceitos.

Nossos relacionamentos são baseados em interesses.
Mesmo que sejam os mais puros e nobres, não deixam de ser interesses. Por exemplo, um casal: o interesse principal dela pode ser fazê-lo feliz e o interesse principal dele, fazê-la se sentir a pessoa mais querida do planeta. Outro exemplo, um grupo que visa se apoiar mutuamente para que todos cresçam como profissionais e como seres humanos. Mas sabemos que, na verdade, existem diversos interesses em todas as relações.
Será ótimo termos esta consciência, porque assim analisamos quais nossos interesses com relação a determinada pessoa ou grupo e quais os deles para conosco. E então iniciamos uma troca, que deve acontecer de forma espontânea, sincera e feliz.
O importante é sabermos que não devemos nos violentar ou nos censurar por algo que não seja nosso.
O mundo urge por espontaneidade e sinceridade. A massa das pessoas coloca uma máscara densa e irremovível para os relacionamentos cotidianos.
Note que as pessoas mais admiradas e queridas são as que respeitam suas próprias vontades sem reprimi-las. Elas são mais felizes e andam livremente em situações e momentos nos quais outros se sentiriam desconfortáveis e deslocados. São pessoas mais decididas, mais plenas e em maior sintonia com sua essência. Por isso, às vezes, chocam alguns mais conservadores e até parecem ofender àqueles que não se permitem tais liberdades.
Mas o fato é que pessoas sinceras com elas mesmas encantam a todos ao seu redor sem ao menos esperar isso, pois exalam uma felicidade, uma liberdade, um carinho pela vida de forma admirável, contagiante e envolvente. São pessoas que perceberam que quem tenta agradar a todos não agrada ninguém e aqueles que agradam a si mesmos atraem pessoas na mesma sintonia.
Agradar a si mesmo é muito diferente de ser egoísta. É saber que cada indivíduo no universo é único e devemos nos deliciar com estas diferenças. É buscar, nos pontos mais profundos, quais suas intenções, quais as contribuições que tem a fazer aos que estão à sua volta. É valorizar o tesouro que todos temos internamente.
Entretanto, muito mais simples que buscar, é simplesmente permitir que isso brote naturalmente, deixando de podar e inibir nossas belezas, nossas exclusividades.
Quando alcançar tal feito, você poderá realizar suas vontades sem se ficar culpando, ou se martirizando por ter feito algo que deveria ter lhe dado prazer. E, ao mesmo tempo, vai deixar de fazer aquilo que lhe traria uma sensação de erro, mesmo parecendo interessante.
Se perguntar a essas pessoas o que fazem para serem tão espontâneas, uma resposta comum entre elas será um sorriso, como o de uma criança fazendo algo que ama.
Comece explorando suas diferenças mais discretas e aos poucos vá testando quão longe pode ir.
Lembre-se que um processo autêntico, duradouro e assimilável não deve ser agressivo.
Respeite seu ritmo e o das pessoas à sua volta.
Toda mudança, assim como todo aumento de velocidade, traz alguma resistência, seja das pessoas ao seu redor ou de dentro para fora. É o natural.
Realizando este processo de forma prazerosa, você vai ganhando maturidade para lidar com seu aumento de liberdade e, ao mesmo tempo, adquire flexibilidade para mostrar às pessoas que você é uma pessoa diferente do que era antes, sem ofendê-las.
Pessoas que se respeitam tornam-se únicas. Pessoas únicas tornam-se especiais. E pessoas especiais tornam o mundo mais bonito.
É simples, é biológico.
Complicado e agressivo é ficar segurando lá dentro o que realmente somos.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Sou.

E um vazio. Não desejado, mas que deve ser curtido, pois também faz parte da vida.
E quando aceitamos isso há beleza, tanto na tristeza quanto na alegria.
As duas marcam, as duas movimentam. As duas são vida.
A escuridão agrada pois traz introspecção num mundo onde todos olham para fora. E quero ser eu mesmo, quando todos se esforçam para ser o mesmo. Num paradoxo compreensível, todos tentam se parecer para serem aceitos enquanto sonham em ser especiais.
Escolho ser eu e aceito arcar com as consequências disso. Ultimamente umas consequências pesadas, que me feriram de um jeito denso e angustiante. Mas é o preço de ser eu. E estou disposto e o pago feliz.
E o faço porque estou em constante mudança, mas escolho e compro o resultado destas escolhas.
Alguns simplesmente se cristalizam e por isso, tem que engulir o que vier.
Escolher é muito diferente disso. A liberdade tem um preço alto.
E quero.

Conheça a ti mesmo

Enquanto procurarmos fora o que só existe internamente, todo esforço será vão.
Quantos perdem a vida a olhar pelo mundo atrás de si?
Não importa qual o teu caminho ele só tem um destino.
Respeita-te e conheça a ti mesmo.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Diferenças

Um amigo me disse que a maioria dos daltônicos só descobre que faz parte do grupo quando pinta a grama de vermelho, num trabalho escolar. Um exemplo muito claro e indiscutível que nem todos observam o mundo da mesma forma.
Mas se pensarmos no assunto uma pessoa que seja muito baixa ou outra muito alta também têm uma forma peculiar de observar o mundo. E não é somente uma questão de ver, é algo muito mais abrangente. Estas pessoas têm noções de conforto, de espaço e de distância bem únicos. Facilidades mais específicas e dificuldades distintas das pessoas com estatura média.
É óbvio que se alguém é mais fraco vai achar uma caixa pesada e que um que precise de óculos enxergará com menos precisão quando estiver sem eles.
Escolhi estes exemplos porque são tópicos que aparentemente não mudam nada, pois se fôssemos falar de diferenças corporais mais peculiares isso seria gritante.
Sabemos que alguém sedentário e acima de seu peso, se cansa mais rapidamente que um sedentário com pouco peso e assim aceitamos mais facilmente que as pessoas lidem com o mundo de maneiras específicas no plano físico e isso é uma incoerência pois essas são as características que menos causam impacto em nosso relacionamento com o mundo e com as pessoas.
Para nós, ainda parece muito complicado sequer aceitar que diferenças energéticas, emocionais, mentais e até mesmo de essência farão com que nossa percepção do mundo e consequentemente nossa interação com todo o universo seja especialmente particular.
Essas peculiaridades podem passar despercebidas e as entendemos como frescuras, só porque não são óbvias. O mais engraçado é que ao mesmo tempo quando essas nossas diferenças não são compreendidas nos sentimos ofendidos e injustiçados.
Se duas pessoas tiverem a mesma idade, o mesmo peso, o mesmo cotidiano, mas uma delas, por exemplo, respirasse mais superficialmente, só isso bastaria, ela já teria impressões e reações bem distintas da outra. Teria menos vitalidade e as escadas que um subiria sem esforço já seria um problema para o outro. Talvez chegasse atrasado no trabalho e isso modificaria seu relacionamento com os superiores.
Mudanças aconteceriam se o diferente entre estes dois não fosse a capacidade pulmonar e sim o emocional. Alguém com o ego inflado age totalmente diferente de outro que tenha baixa auto-estima numa batida de carros e em tudo o mais, até na maneira de pedir um copo de água. Citando exemplos assim é fácil perceber que as particularidades em nossos aspectos mais sutis (emocional, mental e outros) provocam relacionamentos muito mais específicos com o mundo do que o simples fato de ser velho ou novo, desportista ou sedentário, gordo ou magro, mas ainda assim temos mais dificuldade em respeitar essas diferenças.
Cada mulher ou homem é resultado de uma combinação única de experiências, relações, pensamentos, condicionamentos e aprendizados. Isso faz com que nossas vontades, nossas respostas, necessidades, metas e tudo o mais sejam extremamente particulares.
Bom, ponto pacífico. Mas por quê lidamos tão mal com o fato de que, e agora a conversa fica pesada, as pessoas não analisam as situações como nós, não querem o que queremos, têm vontades em momentos diferentes.
Às vezes me canso, e confesso, às vezes me divirto vendo discussões nas quais todos estão com a razão, mas estão determinadas em convencer o interlocutor de que ele está tendo alguma alucinação.
Quantas amizades, oportunidades de emprego, de namoro e realizações perderemos até que a idéia óbvia e ululante de que somos diferentes em diversos aspectos esteja enraizada em nosso psiquismo e passemos a respeitar as pessoas.
Simplesmente, de forma sutil ou brutal, vamos impondo nossa forma de ser como um trator desgovernado, às vezes com um sorriso noutra com um soco, mas essa atitude é sempre uma invasão.
Convido-o a passar mais tempo com você mesmo, perceber-se. Respire, alongue, aquiete-se. Escape desse turbilhão mental que o cotidiano nos impõe. E logo notará que somos muito mais do que parecemos. Perceberá um corpo físico, um energético, seu corpo emocional e seu mental. Com prática notará que somos até mais do que isso.
E mesmo dentro de nós existem emoções divergentes, estados de ânimo distintos. Numa hora somos encantadores, noutra uns chatos de galocha. Somos maus e depois adoráveis.
E depois de descobrirmos isso, aprendemos a gostar dessas diferenças internas e aprendemos a mudar o que não gostamos tanto.
E depois de lidarmos bem com nossas próprias particularidades podemos lidar bem com as diferenças das pessoas.
E fazendo isso, passaremos a nos conhecer mais, nosso mundo se tornará mais amplo e veremos várias verdades. Tudo se torna mais bonito e rico. Passamos a nos encantar mais com as pessoas e nossa vida se torna mais gostosa e mais simples. É lindo alguém dizer algo contra o que você está pensando e você conseguir entender o ponto de vista dela. E conseguimos nos entender melhor com as pessoas e com nossas idéias.
Problemas insolúveis se tornam claros e divertidos.
E com a mesma mágica que o sol usa para aparecer todas as manhãs, transformamos nossa existência.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Uma pequena revolta.

Ter a intenção de crescer é diferente de ter a pretenção de ser evoluido.
É na fragilidade que despertamos força e somente expostos podemos sentir mais o que há a nossa volta, assim como a pele ferida é mais sensível ao toque.
A dor passa e incita-nos a não mais provocá-la, mas recuso-me hoje e tantas vezes mais a manter-me fixo ao chão. Minha natureza pede ar e a liberdade que os ventos trazem.
Amo.

sábado, 12 de abril de 2008

Pela Manhã

Ao ver a luz do sol no corredor uma sensação percorreu meu corpo, me impressionando e me impulsionando a buscar a origem desse arrepio.
Lembrei de nossos momentos no quarto, dessa mesma luz que ontem iluminou sua pele nua, que com(o) um frescor acariciava meu peito.
O sol abraçava seu corpo todo a um só tempo e eu o invejava pois não tinha mais que o alcance de meus sentidos.
Isso os estimulou para que despertassem e eu pudesse curtir seu sabor, sua maciez. Seus gemidos, seu cheiro.
Sua beleza, sua poesia.
Amor a (à) luz do sol.

Vamos meditar um pouco? por Claus Haas

Ultimamente somos bombardeados, dos primeiros instantes do dia até os minutos antes de adormecer, com centenas de milhares de estímulos diferentes. Há quem diga que em um jornal diário encontram-se mais informações do que uma pessoa assimilava durante toda a vida há algumas décadas.
Este excesso de informação gera uma intensa dispersão mental. A todo momento, nossa mente deriva para alguma novidade. Isto promove, inegavelmente, stress. A tal ponto que dezenas de patologias sejam associadas a ele e a falta de se “desligar” um pouco. Não um desligar no sentido de dormir ou apagar. Mas se desligar deste turbilhão de estímulos variados. Se abstrair de todas estas dispersões.
Se damos atenção para tudo o que vem de fora, para todos estímulos externos, nos esquecemos do que realmente somos. Deixamos de nos perceber a nós mesmos para se observar com a ótica e o julgamento daqueles que nos observam. A conseqüência disto é a perda da auto-estima e todos efeitos que advém desta perda, chegando até o ponto de se transforma em uma depressão.
Para combater isto há milhares de pessoas que utilizam técnicas de meditação. Na verdade, intuição linear é a melhor definição para esta técnica. Meditar, como técnica, significa parar de pensar. É a parada das ondas mentais, ou instabilidades mentais. E quando param, há vazão para o aflorar de um estado de consciência mais sutil e mais amplo, a intuição linear, a meditação.
No estado de consciência da meditação o conhecimento flui de dentro para fora. E não o contrário, como estamos acostumados. Um conhecimento puro, que não necessita de análises ou confirmações, já que não resulta de algo prévio. Não é a toa que altos executivos utilizam estas técnicas para definir o rumo de suas empresas. Por que procurar fora o que já está guardado dentro? Basta olhar, basta observar.
Enfim, para que a meditação flua mais facilmente, ter um corpo forte, saudável e resistente faz grande diferença. Sem isso, usar a técnica da meditação seria como fortalecer a musculatura de um braço e abandonar o restante do corpo. Através das técnicas do Yôga Antigo, este fortalecimento é facilmente conquistado. Inclusive, os oito feixes de técnicas que fazem parte de sua prática ortodoxa se encerram justamente coroados pela meditação!

Meio Tempo por Karin Raduan

Antes de borboletar
Fui aprisionada neste invólucro
Para me abster do tão óbvio
Desenhado nestas asas

Que a loucura convencional
Ocupe seu devido lugar
E que no cerne destas águas
Tenha menos que brotar

Quem cutuca meu casulo?
Se ainda não é hora de voar
Hora de nascer e de esperar
Crisálidas são como flor

Mal me quer bem me quer
Fui como pétalas de margarida
Apenas duas... bem me quer?
Só o calor de minh’asas !

Estudos por Tamara Queiroz

ESTUDOS


Observo você
mergulhada todinha nesse estudo
em que se empenha tanto!
Ouço-lhe a voz
a relatar,
assim,
prenhe de ardor,
estranhas ilações
a retratar
a profundez do empenho
nesse estudo que faz
com tanto amor!
Às vezes você pára,
olhando-me, tão vaga,
meio a pedir-me aprovação, apoio -
- e na verdade eu sinto que o que faz
é tão somente desejar-me ouvi-la -
- e ouço e vibro,
aprendo, sinto e bebo
a coisa toda que você me diz!
E di-la
e ponho-lhe atenção,
pouco a pouco sentindo a sensação
de sabê-la tão gente,
mas tão gente,que apesar de sabê-la
assim - inteligente! -
percebendo-a envolta em teorias
e tão enfatizada,
intelectualizadae até mesmo julgando-se saber
o que quer, o que sabe e o que não quer,
eu posso pôr de lado
tudo (tudo!)e amá-la assim:
tão só como mulher!

Reset

Em alguns momentos, hoje por exemplo, eu não sou.

Simplesmente abstraio e deixo o dia rolar. Isso não é como entrar no automático. É como apagar as informações registradas para deixar aflorar umas novas. Deixo as emoções e os pensamentos acontecerem sem me apegar a algum.
E nada.

É tudo.

Ferramentas

O ser humano não possui as ferramentas para perceber a realidade em sua totalidade.
O que percebemos fica limitado por nossos sentidos, nossa atenção e nossa lucidez entre outros fatores.
E também isso, passa por alguns filtros como nossa bagagem cultural, nossos pontos de vista, nossos relacionamentos com o mundo e, talvez principalmente, nossa flexibilidade de compreender opiniões e observações de outras pessoas.
Como não temos capacidade de observar o todo, nosso crescimento pessoal pode ser potencializado por um talento em respeitar pessoas que são diferentes de nós.
Não quer dizer que vamos facilmente mudar de opinião como alguém sem convicção.
Significa que vamos levar em consideração a forma com a qual as pessoas com quem interagimos observam o mundo a sua volta.
Isto é estar desperto, é não agir mecanicamente ao nos relacionarmos e nem tentar impor alguma idéia pré-estabelecida antes do encontro.
Antes de aprendermos a usar esta capacidade com o outro devemos treina-la com nós mesmos.
Quão a sério levamos nossos sonhos? O quanto valorizamos nossas qualidades? Como encaramos nossos defeitos?
Temos que entender que é impossível que todos gostemos das mesmas coisas e que tenhamos as mesmas vontades nas mesmas horas.
É bem provável que alguns de meus gostos, não sejam realmente meus e sim de quem me criou ou de quem esteja à minha volta.
É importante que nos conectemos mais a nós mesmos e aprendamos a perceber nossas vontades e intenções de dentro para fora e possamos separar o que realmente queremos. Para isso, passemos mais tempo em nossa própria companhia, sintamos mais nossa respiração, ouçamos nossos batimentos cardíacos.
Nem devemos nos isolar dos demais para isso, basta que nos momentos em que estejamos sozinhos percebamos mais nosso corpo, nossos sentidos, nossas emoções e pensamentos. Depois vamos querer dedicar algumas horas da semana a algo que nos deixe mais próximos de nos mesmos.
Comecemos fazendo aquilo que mais gostamos com mais atenção, carinho e sensibilidade, provando um sorvete atento para todos os sabores, para a textura, para as diferenças de temperatura. E terminemos ficando plenamente mais atentos ao universo infinito em belezas, riquezas e alegrias que existe a nossa volta.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Mai

E teu sorriso que traz sensações boas.
Que lembra belezas passadas e dá vontades futuras.

O cabelo emoldura teu rosto sem dever ao céu emoldurando o mar.
Só um sol poente daria os mesmos encantos nesse quadro pintado com carinho, prazer, amizade e amor.

Teus ombros, quase sempre à mostra despertam meus sentidos mais quietos. Minhas mãos rebeldes e atentas, deslizam deles para sua cintura e trazem suas delícias para mim.
E desejo que este momento não acabe. E desejo ser seu.

E desejo seu sorriso.

O que está lá...

Como é fácil encontrar beleza, ela está aí esperando olhos atentos.

Lógico que às vezes ela é gritante.

Mas acho que só para avisar às pessoas que existe.

O belo mais encantador é tão óbvio que exige olhos perspicazes, pois se perde no cotidiano, para quem se encontra no cotidiano.

A vida, essa que todos procuram, tem sabor, elegância e sutileza. E está em todos. Até naqueles que se esforçam para se distraírem dela.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O presente tem a duração do Instante que passa.

O ser humano é um dos únicos animais que pode se dar o luxo de ficar distraído. Quase todo o tempo nossa atenção está fora do agora.

Claro que o passado e o futuro são muito importantes, mas é impressionante o quanto nos desligamos do momento em que vivemos. Fazemos isso até para não ficarmos pirados pois nosso cérebro recebe tanta informação que não faríamos nada mais além de perceber quantas cores temos à nossa frente.

Mas e se apenas ficarmos mais atentos para o que acontece ao nosso redor?

O suficiente para vivenciarmos plenamente nosso cotidiano e não perder a capacidade de admiração ante as belezas simples. O suficiente para darmos a devida atenção às pessoas queridas e descobrirmos que o simples fato de estar vivo é extremamente prazeroso.

É no presente que a vida acontece, e é nele que podemos usar a bagagem adquirida no passado para interagir com o mundo e criar o futuro.

É somente no agora que podemos atuar e transformar tudo ao nosso redor. Quando encaramos o universo desta forma, podemos notar que tudo a nossa volta está disponível, como um lego gigante esperando nossa atuação para poder ser. Hoje estamos simplesmente lidando com o que geramos ontem e nos dias anteriores. Isso é óbvio, mas não nos parece tão claro a ponto de entendermos que cada atitude, sorriso ( ou falta de), ação e posicionamento está construindo o que estará à nossa espera amanhã ou daqui a alguns minutos.

Sinta o poder que percorre sua cabeça e suas mãos ao vivenciar essa informação, que você até já sabia. Olhe ao seu redor, enquanto assimila a idéia de que tudo está aguardando sua decisão.

Não gostaria de dizer que o mundo se curva à sua vontade, mas o mundo se curva à sua vontade de acordo com a amplitude de sua consciência.

Saiba que quando sua namorada, seu chefe, seu vizinho e o entregador de pizza falam com você, eles estão reagindo à maneira como você lidou com eles. Desde o primeiro encontro a verticalidade de suas costas, a expressão em seu rosto, a intensidade do aperto de mãos e o tom de voz, entre outros fatores, estão indicando às pessoas como elas lhe tratarão, mesmo que elas nem saibam disso.

Quase todo o tempo as pessoas estão respondendo ao que acontece, são raros os que agem.

Abrindo-nos para o agora, interagimos melhor com as pessoas, percebemos as intenções e vontades além das palavras. Notamos microexpressões, movimentos de corpo e sutis diferenças nas entonações das frases que muitas vezes mostram que o interlocutor deseja transmitir algo que tem pouco a ver com as palavras ditas.

Nossos sentidos são nossos canais de conexão com o planeta e quanto mais atenção dermos a eles mais em contato estaremos com o que acontece ao nosso redor. Funciona como se pudéssemos ver o futuro sendo criado e escolher onde vamos atuar, o que vamos separar para nós, o que evitaremos.

É simples assim, e tão surpreendente que é difícil acreditar e sinto que só não atuamos dessa maneira constantemente pois, nosso cérebro não assimila o quanto é natural e fácil manipular o mundo. Escolhi essa palavra (manipular) porque a acho pesada e quero deixar claro o quanto o mundo é nosso e espera nossas vontades e, principalmente, nossa atuação para se manifestar.

Quando terminar de ler este texto lembre-se que você não terá uma segunda chance de viver os momentos que passam. E por isso dará uma importância enorme a eles e os curtirá e os usará para transformar sua vida e pelo mesmo motivo, não dará tanta importância a esses momentos, pois eles logo acabam e levam seus inconvenientes.

Aprenda a vivenciá-los de uma forma prazerosa, plena, descontraída, intensa, desapegada e feliz.Comece prestando atenção ao momento e aproveite-o. Não deixe que as lembranças do passado e o anseio pelo futuro atrapalhem o instante.

Perceba o poder que tem em mãos e desfrute dele.

E delicie-se com o mundo... Agora.

Telegrama

Tão tão querida. Não vejo a hora de descansar meus olhos nos seus e respirar seu hálito, amando sem pressa e sem propósito.

Viver um abraço e curtir a intensa troca de calor e carinho típica do toque, mas temperada com uma entrega decidida e plena.

Sentir a textura de seus lábios durante cada segundo, dando aos momentos o valor real que eles têm e assim tornando-os únicos e transformadores.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Externa

Olhar que prende, cabelos que envolvem.
Delicadeza que tenta sem sucesso esconder a força interior. Minha mente foi jogada ao distante imaginando como seriam teus sons, teus aromas e pedindo o privilégio de contemplar-te em movimento.

E pronto! Será?

Sou o presente.

Mesmo usando o passado e pulando do penhasco para o futuro.
Rasgo, destruo e amo. Aconteço agora e esqueço depois.
Aprendo hoje e ensino durante. Tenho força e tenho medo.
Sou o mais importante.

Sou qualquer um.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Em algum momento.

Tenho sido aberto às verdades alheias. É muito enriquecedor conhecer o mundo como as pessoas o percebem.
Saber respeitar estes pontos de vista, traz à princípio da uma sensação de fragilidade. Depois um tesão prazeroso por me sentir mais próximo do todo.
Isso, em algum dia de algum mês de 2007.

Shades Of Gray

Quero me aprofundar na sensibilidade, externar força.

Ser distante e ser apoio. Prefiro ser sério e divertido.

Ter a minha cor.

Escolho enxergar o mundo na totalidade; e simples como uma criança e maduro como um ancião, transcender as limitações dos que decidiram ser apenas viventes.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

No msn.

...
Thiago diz: E meu descanso é na beleza, onde renovo minha força vital.

Vida diz: A beleza está onde seus olhos a vêem.

Thiago pergunta: Posso descansar a todo o tempo?

Vida sorri.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Poder

Quanto mais coloco em prática minha filosofia, mais liberdade tenho.

Mais minhas escolhas moldam a realidade e mais lucidez eu conquisto.

Quero ser só eu. Quero ser o que possuo de melhor.

Verei o que as pessoas possuem de mais belo. E aprenderei com elas.

Constantemente, eternamente.